Hoje é a definição da Série C 2025: o Náutico definirá seu futuro | SPE 360
Em 2020, o Santa Cruz viveu um cenário que, à distância, ecoa no que o Náutico enfrenta agora, em 2025. Lembro bem daquele Santa. Um time competitivo, empurrado por uma torcida que sonhava alto, mas que tropeçou justamente quando o destino exigia força e lucidez. Eu acompanhava tudo de longe, pandemia, incertezas, o mundo parando, mas quando o Santa entrou em campo na fase decisiva, voltei a assistir. É sempre assim: o futebol me chama de volta, mesmo quando tento me afastar.
Aquele Santa Cruz representava o paradoxo dos grandes clubes do Nordeste: estrutura limitada, ambição ilimitada. Tudo parecia bem na fase regular, até que o golpe veio no quadrangular, o mesmo formato que, cinco anos depois, define o destino do Náutico. Foi uma lição dura, não só sobre futebol, mas sobre gestão, planejamento e o peso das decisões internas.
No papel, o time de 2020 parecia pronto; na prática, faltou sustentação. Agora, em 2025, o Náutico encara sua própria prova de fogo. Neste sábado, 11 de outubro, os Aflitos serão palco de mais do que uma partida, será um julgamento simbólico de um projeto inteiro. Para subir, o Náutico precisa vencer o Brusque e torcer por uma vitória da Ponte Preta sobre o Guarani. É uma conta simples na teoria, mas complexa na execução. Um daqueles sábados em que o futebol mistura fé, cálculo e coração.
Há um detalhe que torna tudo ainda mais decisivo: a nova configuração da Série C. A competição será mais extensa, mais exigente, mais custosa. Ficar nela pode significar um retrocesso institucional num momento em que o clube tenta reencontrar estabilidade. Subir agora é mais do que um alívio esportivo, é um passo estratégico. É sair da zona de sombra que a reformulação da CBF promete criar.
É curioso como o tempo insiste em repetir seus roteiros. Em 2020, o Santa Cruz também acreditava que o futuro estava logo ali, bastava mais um gol, bastava mais uma vitória. Hoje, é o Náutico quem sente o mesmo frio na barriga. Mudam os nomes, mudam as camisas, mas as estruturas permanecem. As torcidas seguem acreditando, e as cidades continuam vivendo o futebol como extensão da própria identidade. No fim, o que está em jogo amanhã não é apenas o acesso. É o direito de continuar sonhando grande. Se o Náutico vencer e se Campinas ajudar, não será apenas o clube que subirá. Será o Recife inteiro que, mais uma vez, tentará reencontrar o lugar que acredita merecer no mapa do futebol brasileiro.